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Tocantins, 16 de Maio de 2025 -
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Campo em Alerta: Produtores Buscam Prorrogação de Crédito em Meio a Instabilidades

Por: Redação do Portal RR10 Notícias

Nos últimos meses, uma crescente preocupação tem pairado sobre o setor agropecuário: a dificuldade dos produtores rurais em honrar seus compromissos financeiros. Em entrevista exclusiva para a TV Bandeirantes Araguaína, o engenheiro agrônomo Vitor, da Bento Rural, e o advogado André Luiz debateram as causas e as possíveis soluções para essa delicada situação, com foco na prorrogação do crédito rural como um mecanismo de amparo essencial.

Vitor, da Bento Rural, iniciou a conversa explicando os múltiplos fatores que têm levado a um aumento significativo na demanda por prorrogação do crédito rural. “Essa demanda vem crescendo devido a uma série de fatores interligados”, pontuou o engenheiro agrônomo. Ele destacou as oscilações do mercado, com altas e baixas de preços das commodities, a influência de conflitos internacionais, os aspectos climáticos cada vez mais imprevisíveis e a persistente inflação como elementos cruciais que impactam diretamente a rentabilidade das lavouras e da pecuária.

Ao final de suas safras, muitos produtores se deparam com a incapacidade de quitar seus débitos com instituições financeiras e fornecedores de insumos. Vitor explicou que, em muitos casos, a compra de insumos está atrelada ao valor futuro da produção, um mecanismo conhecido popularmente como “trava”. Se o preço do produto não atinge o patamar esperado, o produtor pode enfrentar sérias dificuldades financeiras.

O engenheiro agrônomo também ressaltou que essa situação não é exclusiva de uma região do país. “Apesar de o Tocantins, especialmente a região norte, ter historicamente uma maior estabilidade climática, eventos recentes como o excesso de chuvas na época da colheita, que prejudica a produção agrícola, e as estiagens no período de plantio, que levam à perda de sementes, também têm afetado os produtores locais”, alertou.

André Luiz complementou a análise, focando no impacto do alto custo de produção, impulsionado pela valorização do dólar. “A alta do dólar tem um impacto direto nos preços dos insumos, que disparam”, explicou o advogado. Ele lembrou que o preço de insumos essenciais como a adubação, grande parte importada da Rússia e da Ucrânia, sofreu um aumento expressivo nos últimos anos, chegando a mais de 80% em um período de quatro anos. Em contrapartida, o preço de commodities importantes como a soja registrou uma queda significativa no mesmo período. “Essa dinâmica afeta todos os produtores, desde o pequeno ao grande”, enfatizou André Luiz.

Diante desse cenário desafiador, a Bento Rural, empresa de consultoria de Vitor, surge como um apoio fundamental para os produtores rurais. “Trabalhamos na elaboração de laudos agronômicos para constatar as perdas”, explicou Vitor. Ele ressaltou que não basta o produtor alegar a dificuldade de pagamento; é necessário justificar tecnicamente os motivos que levaram a essa situação. A Bento Rural atua em parceria com o advogado André Luiz para oferecer um suporte completo, unindo a expertise técnica com o conhecimento jurídico para embasar os pedidos de prorrogação e renegociação de dívidas.

André Luiz reforçou a importância da elaboração do laudo agronômico, um documento essencial reconhecido pelo próprio Manual de Crédito Rural. Ele destacou que a saúde financeira da cadeia produtiva rural tem um impacto direto na inflação e, consequentemente, no bolso do consumidor final.

O advogado também abordou outros fatores que tornam a agricultura no Brasil um setor de alto risco, como as questões climáticas, a volatilidade dos preços das commodities e a legislação ambiental, que, embora importante para a preservação, pode gerar desafios para a expansão da produção. Ele citou a dependência do Brasil da importação de adubos, especialmente da Rússia, tornando os produtores vulneráveis a eventos geopolíticos.

André Luiz lembrou que problemas como a xenão no Rio Grande do Sul e recuperações judiciais de grandes produtores também afetam a produção nacional. No setor pecuário, secas prolongadas e doenças nos rebanhos, como problemas de casco no gado leiteiro, podem gerar perdas financeiras significativas, inviabilizando o pagamento de créditos.

Outras questões macroeconômicas, como a dificuldade de escoamento da produção devido a estradas precárias e o aumento do preço do diesel, essencial para o funcionamento de máquinas agrícolas e para o transporte, também contribuem para o aumento dos custos e a dificuldade dos produtores. “O aumento do diesel impacta toda a cadeia, desde o plantio da cana para produção de álcool até a colheita da soja”, exemplificou André Luiz.

Ao final da entrevista, ambos os especialistas deixaram um recado importante para os produtores. “É fundamental que o produtor não espere a situação se agravar para buscar ajuda”, aconselhou Vitor. Ele enfatizou a importância de se antecipar aos problemas, guardar comprovantes de custos, notas fiscais, vídeos e fotos que documentem eventuais sinistros climáticos, pragas ou doenças nas lavouras e rebanhos. “Essa organização e essa preocupação em documentar tudo são cruciais para embasar futuros pedidos de prorrogação”, completou.

André Luiz reforçou a necessidade de uma atitude proativa. “O problema é que o brasileiro muitas vezes espera a casa arrombada para colocar uma trava mais forte na porta”, comparou o advogado, incentivando os produtores a buscarem orientação e apoio assim que perceberem dificuldades financeiras.

A entrevista com Vitor, da Bento Rural, e o advogado André Luiz trouxe à luz a complexa situação enfrentada pelos produtores rurais e a importância da prorrogação do crédito como um instrumento vital para a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. A mensagem final é clara: a prevenção e a busca por apoio profissional são os melhores caminhos para enfrentar os desafios do campo.

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